Parques Geológicos

Parques Geológicos

O aprendizado sobre geologia não pode estar completo sem um trabalho de campo. Aprende-se muito mais com todos os sentidos bem estimulados do que somente olhando um material escrito. Além disso, o aprendizado é muito mais significativo. As informações "grudam" na memória e são múltiplas as relações feitas com o conhecimento prévio sobre o mundo. De certa forma, aprende-se a ver o mundo com olhos e tato renovados. Aquela "pedra" que sempre passou desapercebida subitamente torna-se uma rocha capaz de contar a história do planeta Terra e daquele local específico.

Para que se possam desenvolver as oportunidades do conhecimento em campo, é fundamental que as principais localidades de interesse geológico sejam conservadas. Algum interesse imediatista para especulação imobiliária ou extração mineral não pode passar por cima da possibilidade das gerações se relacionarem de forma direta com o saber.

O Serviço Geológico do Brasil - CPRM, mobiliza esforços, desde 2006, para identificar, levantar, descrever, fazer inventário e diagnóstico, bem como divulgar áreas com potencial de se tornarem parques de interesse geológico, através do Projeto Geoparques. Esse projeto está em sintonia com Rede Global de Geoparques Nacionais criada em reunião promovida pela Unesco em 2004.

Um Geoparque associa-se a um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Trata-se de preservar elementos cruciais para a produção de conhecimento geológico ao mesmo passo em que se promove o ensino e aprendizagem, além de constituir-se uma atividade econômica com o turismo.

No Estado de São Paulo, ainda na década de 1990, foram reconhecidos dois parques naturais de interesse geológico. Tratam-se do Parque Geológico do Varvito de Itu e do Parque da Rocha Moutonnée, em Salto. Tal iniciativa foi levada a cabo pelas prefeituras dessas cidades, e hoje constituem locais de grande visitação.

Ambos os parques apresentam material científico que possibilita a formulação ou corroboração de teorias principalmente a respeito das dinâmicas glaciais no passado. Tal conhecimento não fica fechado em monografias herméticas, mas sim está disponível para a aprendizagem do público amplo, em especial se fizerem visitas guiadas aos parques. Soma-se a isso a apreciação da paisagem e tem-se uma dinâmica completa de um parque que propicia desenvolvimento da ciência, atividades de ensino e aprendizagem, e turismo e lazer.

Embora pareça claro que essas possibilidades de um parque geológico deveriam ser suficientes para que eles sejam conservados e divulgados cada vez mais, os poderes públicos no Brasil ainda não reconhecem seu valor. Ainda que haja uma grande luta por esses locais, como no Projeto Geoparques, os avanços são tímidos e ocorrem ameaças de retrocesso como no caso da Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana, no Paraná. Essa área de grande interesse ambiental, cultural e geológico sofre a ameaça de uma drástica redução de sua área em nome de interesses do setor agropecuário e dos proprietários que almejam valorização de suas terras. Trata-se de uma visão estreita frente ao outro tipo de capital que uma área como essas gera. Isso quando se considera como valor principal o desenvolvimento humano em sintonia fina com o ambiente.

Fonte:

Gestão territorial- Geoparques. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geoparques-134. Acesso em: 14/12/2017.


Terra e didática- Unicamp. Disponível em: https://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v12_3/PDF12_3/Td-123-6.pdf. Acesso em:14/12/2017.

http://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/area-protegida-no-parana-pode-ter-sua-dimensao-reduzida-para-menos-de-um-terco/ . Acesso em:14/12/2017.

Discente: Tomás Volpi. 

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